NOS Primavera Sound

Brian Wilson não é deste tempo

Como é que se recebe uma lenda? A resposta é difícil. Fazem-se homenagens com capas de jornais. As televisões ficam a postos para relatar cada momento. As músicas são repetidas até à (quase) exaustão, recordando este ou aquele pormenor.

Eram sete da tarde e até o céu se abriu para receber Brian Wilson. No Parque da Cidade, apresentava-se o cérebro por detrás dos Beach Boys e de um dos mais aclamados álbuns de sempre. Para tocar Pet Sounds, no 50º aniversário do seu lançamento, Brian Wilson trouxe consigo o companheiro da banda original, Al Jardine, e uma banda dedicada a representar todo o espírito da Califórnia dos anos 60, desde as camisas coloridas aos penteados de antigos surfistas.

Brian Wilson teve uma vida de altos e baixos, mais psicológicos do que de outra natureza. Conheceu o sucesso e as sombras, num percurso que pudemos recordar no recente filme “Love & Mercy”. E, no entanto, conseguiu criar algumas das músicas mais bonitas de sempre, mesmo que as suas letras digam coisas pouco felizes.

O público do NOS Primavera Sound 2016 soube receber Brian Wilson. Mas pareceu gostar mais do músico que criou hits de juventude, como “Surfin’ USA”, do que da mastermind que deu ao mundo as sessões de Pet Sounds. Sabemos, ainda assim, que as lendas se fazem da música que dura no tempo, em qualidade, mérito e sucesso. Pet Sounds nunca foi o disco mais popular dos Beach Boys. É um disco de culto, para lá dos sixties e do surf rock da época.

Aos 73 anos, Brian Wilson atreve-se a fazer uma tour. A alegria de poder vê-lo ao vivo esmoreceu um pouco quando, no Porto, deixou aos colegas da banda o ónus de cantar grande parte das músicas que estiveram no alinhamento. Quando se dirigiu ao público, percebemos porquê. A sua voz arrastada é sinal de alguma debilidade.

Mas a uma lenda perdoa-se tudo. Ali está Brian Wilson, com a energia que a idade lhe permite ter, a interpretar as músicas que contam uma parte da sua história. É isso que vemos quando apresenta “I Just Wasn’t Made For These Times”, pedindo ao público, com veemência, que oiça a letra da música e perceba quão triste é. Parece ter-se esquecido de que foi o próprio que a escreveu. É comovente quando se ouve a sua voz (a sua, felizmente) entoar sometimes I feel very sad. Quem nunca.

A apresentação de Pet Sounds termina mas o espectáculo está estruturado a pensar em todos os públicos. E, por isso, não chega ao fim sem tocar, em jeito de medley, alguns dos maiores êxitos dos Beach Boys. O público dança. O sol põe-se. E o rosto, ainda jovem, de Brian Wilson é projectado no ecrã do palco. Ao piano, o músico parece ter-se perdido algures dentro de si mesmo.

Ou talvez Brian Wilson não pertença mesmo a este tempo.

“Another One”: Mac DeMarco lança mais uma

Mais uma música de amor de Mac DeMarco. “Another One” é o título da faixa nova e também do disco que o americano lança a 7 de Agosto.

Na verdade, não chegará a ser um disco mas antes um conjunto de oito simples canções. E se forem todas como “The Way You’d Love Her” e “Another One”, serão faixas rápidas, ideais para escorregar num fim-de-tarde ao sol, sofrendo de amores.

O primeiro título conhecido, “The Way You’d Love Her”, ficou infelizmente fora do alinhamento do concerto de Mac DeMarco no NOS Primavera Sound. “Another One” chega agora com um vídeo cuja inspiração deve ter sido a estética dos anos 90: os músicos aparecem à frente de paisagens verdejantes numa gravação com péssima qualidade (propositada, de certeza). Lá para o meio, Mac DeMarco imita (?) Michael Jackson.

O vídeo é o que se segue e o alinhamento do novo trabalho é assim:

01 The Way You’d Love Her
02 Another One
03 No Other Heart
04 Just Put Me Down
05 A Heart Like Hers
06 I’ve Been Waiting For Her
07 Without Me
08 My House by the Water

NOS Primavera Sound: o essencial em 3 horas

Patti Smith | NOS Primavera Sound

Patti Smith | NOS Primavera Sound

Sem tempo para estudar com afinco cada alinhamento do NOS Primavera Sound? Aqui tens a solução para os teus problemas. Este é o guia essencial para o primeiro festival da época. Qualquer coisa como três horas de música, que pode ser escutada no comboio a caminho do Porto.

Está lá o novo single de Mac DeMarco, que entretanto se tornou uma das faixas mais tocadas neste Spotify nas últimas semanas e só concorre talvez com o novo disco dos Belle and Sebastian. Como se o título não fosse, só por si, motivo para descobrir o álbum (Girls in Peacetime Want to Dance), “Nobody’s Empire” e “The Party Line” são canções frescas e apetecíveis. Antony e Patti Smith também lá estão, nem se podia deixar os cabeças de cartaz de fora do baralho. É ouvir.